terça-feira, 19 de julho de 2016

"A GRAÇA DE CHORAR"


     "Espírito e alma são duas palavras que, em suas origens, significam  "sopro". Desde que a humanidade se deu conta de que podia pensar, o pensamento caminhou em duas direções. A concreta, que engloba tudo o que pode ser explicado por meio da ciência, e a abstrata, que requer a crença em algo que não pode cientificamente demonstrado. É aí que entra a espiritualidade: o sopro que ajuda  a compreender o inexplicável." parte do texto de Max Gehringer sobre a espiritualidade.
      Ainda sobre espiritualidade: assistindo sobre a visita do Papa Francisco ao campo de concentração nazista, o  Papa, muito interiorizado em cada local da visita, era a imagem da espiritualidade. Caminha em silêncio, reza sozinho várias vezes e em certo momento pede a Deus a "graça de chorar."  
     A devoção ao Divino é algo assim, não se explica. Apenas se sente. É uma emoção tão intensa de uma grandiosidade extrema. Uma paz advém, uma luz se instala e o coração explode em um sentimento que toma conta do nosso ser muita vezes nos levando às lágrimas, nos concedendo a "graça de chorar". Que o diga o Padre Roque.
    A simplicidade de uma devoção onde alguns homens rústicos - foliões do Divino - de posse de uma rebeca, uma viola e um tambor; com suas vozes as vezes mastigando as palavras, entoam versos de duas ou três frases que são repetidas dentro de uma frequência musical variada. A exaltação ao Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade evocando as suas bençãos é algo de arrepiar. Na humildade de uma tradição, as casas são visitadas; os devotos abençoados, e as Bandeiras beijadas e ornadas com fitas e fotos de promessas já feitas e atendidas e aquelas a serem realizadas. Só a fé para entender tal manifestação.
     Essa romaria se propaga durante dois meses até a chegada da data da festa.
     Todo o ritual se repete agora já nas novenas. Foliões com seus trajes de gala. Rebeca e viola afinada. Tambor tinindo conclamando a todos. A louvação vai começar. São nove dias onde a liturgia está toda voltada para a Trindade Santa.
     Na última novena, o canto dos foliões muda de tom. Todo o toque que antes se repetia, apenas as canções tinham letras diferentes criadas pelo mestre em exaltação agora torna-se melodioso com acordes diferentes, lamuriosos. Algo que toca fundo, que emociona pois trata-se da despedida dos foliões e do Divino  segundo a letra da canção e a promessa de voltar no ano que vem.O emocional aflora e o sopro divino nos atinge no mais ´profundo de nosso ser. Sentimos a Sua presença e choramos. São lágrimas que escorrem por nossa face como manancial de alegria  e felicidade por sabermos que somos tão pequeninos mas temos um Deus grandioso que se manifesta entre nós.

                                           Que o Divino nos abençoe sempre.                 .

Cidade abençoada pelo DIVINO ESPIRITO SANTO

              Guaratuba, cidade abençoada pelo DIVINO ESPÍRITO SANTO
       
     Somos premiados com itens com os quais a natureza nos presenteou: morros estratégicos, uma baía formosa pontilhada por ilhas, mangues e vegetação característica que por sua vez, servem de “habitat” para uma profusão de tipos de vida tanto aquáticas, aéreas como terrestres que enriquecem todo este cenário.
     Uma praia com toda a sua orla formando uma imensa concha repuxada de um lado pelo morro de Caieiras e do outro, o Morro do Cristo onde Este, com seu braço estendido, dá a benção a toda a sua gente. E uma baía com o esplendor do seu por do sol quase tirando o fôlego daquele que o contempla.  Interligando estes dois pontos está a nossa avenida principal, uma beleza urbana que, com a sua luminosidade, quer natural como artificial é transformada em um poderoso atrativo; ponto de destaque para a nossa  essencia que está ligada a historia do nosso município: A Festa do Divino.
      Todo o ano, a grande expectativa está no mês de julho. Falamos, pensamos e interagimos sobre os dez dias de transformação que ocorre em nossa cidade durante estes dias.                            
      Ainda bem que herdamos essa tradição. Ainda bem que nossos antepassados acolheram e deram continuidade a esse maravilhoso jeito de Deus se manifestar entre nós. Ainda bem que o povo de antigamente desde os ribeirinhos, como os que viviam nos confins da baía, aqueles que viviam no "pé" da serra como também os da "vila" se irmanaram e não permitiram que o tempo acabasse com esta alegria que é a presença do Divino Espírito Santo.
    Este ano a festa foi maravilhosa. O casal festeiro mor João Carlos e Vilmara, a presença dos foliões com as Bandeiras: cor branca - da Trindade Santa, cor vermelha - do Divino Espirito Santo, o ressoar do tambor marcando o convite para se desligar de toda e qualquer atividade e voltar-se para a presença do Sagrado em nossas vidas deram a conotação daquilo que vai fundo em nossas almas todo ano: a devoção ao Divino Espírito Santo..
                        QUE ELE PERMANEÇA SEMPRE ENTRE NÓS. AMÉM.