O semen de Guaratuba está lá em Portugal, mais precisamente
em Lisboa quando esta foi violentamente sacudida, em 1º de novembro de 1755,
por um terremoto considerado até agora a maior catástrofe natural europeia
devidamente registrada.
O Rei José I e sua família escaparam da tragédia por estarem
fora da cidade. O primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo chamou a
responsabilidade da reconstrução da cidade para si. Mais conhecido por seu
título de nobreza - Marques de Pombal - comandou esforços a começar pela
determinação em mostrar a mão forte do Estado. Nesta época a economia
portuguesa vivia uma fase de depressão: entre 1750 e 1770.
O Brasil, a mais rica de suas colônias foi o seu alvo. Suas
ideias sempre estavam voltadas para o domínio, poder, ocupação, defesa (contra
a ocupação espanhola e com as minas de ouro da Serra do Mar) e soberania no
território assim como o simbolismo da representatividade e do poder público.
Partindo
deste princípio, foram fundadas várias vilas no litoral do Brasil mais ou menos
60 dentro de um padrão quase militarista, onde o arranjo das casas em fileiras
sem delimitação dos lotes em torno de uma praça retangular evoca práticas de
aquartelamento, com uma Igreja como construção dominante .
Temos os
primórdios da “Vila de Guaratuba” na planta que consta em uma folha das Cartas
Corográficas e Hidrográficas de Toda a Costa e Portos da Capitania de São
Paulo, onde aparecem as construções em torno de uma praça retangular, tendo como
objetivo específico abrigar as povoações dispersas tornando-as populações
civis, ou seja, uma vila sob o domínio português. A nossa baía considerada como
uma miniatura da baía do Rio de Janeiro segundo o viajante francês, naturalista
e historiador Auguste Saint-Hilaire, ganha destaque na época da fundação por se
adequar como porto de comércio abrigado dos ventos e voltado para o sol, fator
pertinente para a “saúde dos povos”.
Devido as condições de isolamento e sem
recursos, a população era totalmente dependente daquilo que lhes era fornecido
pelo governo tais como: ferramenta e utensílios para as construções da moradias
e até o alimento: “farinha para comerem enquanto não produzem lavouras”. Eis aí
Guaratuba: na época, apenas um embrião.
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