terça-feira, 20 de maio de 2014

FESTA DO DIVINO


     Falamos, pensamos, interagimos hoje sobre a festa do Divino. Justamente sobre os dez dias de transformação que ocorre em nossa cidade neste período.
     Ainda bem que herdamos essa tradição. Ainda bem que nossos antepassados acolheram e deram continuidade a esse maravilhoso jeito de Deus se manifestar entre nós.
     Ainda bem que o povo de antigamente desde os ribeirnhos, como os que viviam nos confins da baía, aqueles que viviam no "pé" da serra como também os da "vila" se irmanaram e não permitiram que o tempo acabasse com esta devoção que é a presença do Divino Espírito Santo entre nós.
     Esses munícipes tinham como característica o isolamento, a precariedade material mas em compensação: social e espiritual os elos eram imensos.
     Socialmente tudo se compartilhava. Tudo desde o peixe pescado, como a caça conseguida após a espreita astuta, a roça plantada. Esta ajuda mútua denominada mutirão se manifestava também na construção das casas. Como herança do povo indígena, absorvida pelo caboclo, o mutirão sempre prezou pelo auxilio prestado.      
     Espiritualmente, o respeito e o temor a Deus se manifestava a todo instante. Desde o nascer do sol que marcava o inicio da lida até o escurecer onde o recolhimento se fazia necessário para o descanso. As formas de oração geralmente eram espontaneas sempre em agradecimento, exaltação ou pedidos principalmente de saúde, provisão e condições boas do tempo para que as roças fonececem o alimento que precisavam. Uma forma de oração que minha mãe sempre conta das suas lembranças remotas que era feita por uma família matuta e sem conhecimento algum de religião mas que ao abrir a porta do humilde casebre todos os dias eles, ao olharem para os montes da serra que avistavam diziam: _"Um, dois, tres... bendito seja quem te fez."
     A proximidade da Festa do Divino marcava o final de mais um ano vivido. A visita dos foliões com as Bandeiras: cor branca - da Trindade Santa, cor vermelha - do Divino Espirito Santo, o ressoar do tambor era o convite para se desligar de toda e qualquer atividade e voltar-se para a presença do Sagrado visitando as casas e entoando canções de bençãos e promessa para mais um ano de vida modesta mas feliz.        
                                                           

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