Quanta beleza,
quanto encanto em relembrar de todos aqueles que fizeram parte de minha vida, das quais muita herança recebi que
estão incrustadas no meu DNA.
Vô, lembro do
Senhor sorrindo sentado na cabeceira da mesa. Homem grande, olhos claros se
impondo em uma cozinha também grande e antiga, onde o fogão de lenha fumegante
exalava o aroma das delícias que a Vó Dinorá preparava. Mais tarde, o Senhor já
doente em seu quarto sendo assistido pela vó; quantas vezes pela porta passei e
não lhe dirigi a palavra, pois, não sabia o que falar como criança muito
retraída que era.
Vó Maria, com a
senhora a coisa era diferente. Até a cama, quando criança a gente dividia. Não
era bem um diálogo mas a gente “trocava figurinhas as vezes.” Saí de baixo porque
o que não a agradava era falado e, muitas vezes até imposto.
Pai, oh pai. Que
grande pai foi o Senhor. Pai, companheiro, amigo. Aquele com o qual a gente
sabia que contava. Sem cultura erudita, mas um grande sábio. Não se furtava de
nos ofertar ensino. Tínhamos enciclopédias, escrivaninha, máquina de escrever,
detalhes que muitos poucos tinham em uma época sem muita opção de cursos.
Minhas tias,
algumas convivi mais estreitamente e algumas lembranças ficaram. Tia Rosália
que, morando em Paranaguá, nas férias enfileirava a filharada e vinha para a
praia. Eita, era uma curtição só. Tia Zelita: que prole maravilhosa gerou. A
gente sentia o orgulho no seu olhar quando
se referia aos seus filhos e das dificuldades enfrentadas para criá-los.
Tia Laura: nossa maior felicidade sempre foi ir para a Lapa claro que destino
era sempre a sua casa.
Tio João – meu
padrinho de casamento. Parecido com o Pai! Morei em sua casa e só tenho a
agradecer . Tio Benjamin. Êta menino inteligente sô. Imagine alguém que
frequentou uma escola no São Joãozinho – isso nos idos dos 40 – fez exame
seletivo para ingressar na Escola Técnica (Hoje SEFET) e lá se formar e
conseguir uma vaga para ser um dos professores pioneiros quando da fundação de
Brasília. Que salto heim tio!! Vá ser bom assim na Conchichina. Tio Ercílio –
uma cara muito legal. Tio Antonio – quantas conversas jogamos fora passeando nos
campos de sua chácara. Tio Germano, nossa convivência foi muito linda no final
da sua vida. Ali o Senhor me mostrou o quanto era forte e generoso diante de um
sofrimento que não lhe dava trégua, pois não conseguia comer, tomar água se
higienizar sozinho mas mesmo assim mostrava uma abnegação, aceitação, uma
humildade se limites.
Luca meu lindo.
Se jogou de cabeça na vida. Que pena. Quando acordou do pesadelo sua vida já
tinha passado e o seu corpo dilacerado. Os dois últimos anos vividos foi com sabedoria
e queria neles incorporar a quase meia década que passou hipnotizado pelo vício
das drogas.
Dado – meu genro
querido. Obrigado pelos quinze anos que você ofertou à minha filha. Quinze anos
de muito amor, convivência, reciprocidade. Paizão. Amigão. Maridão. Precisamos
nos acostumar com a sua falta.
Que Deus os
tenha na sua glória.
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