terça-feira, 23 de agosto de 2016

Solidão de Deus - Livro do Augusto Cury que eu amei.

                        "Na solidão procuro-me, encontro-me e refaço-me.
     Jesus fez subliminarmente referências  à solidão de Deus diversas vezes, como quando disse: " Na casa de meu Pai há inúmeras moradas"; "Eu sou a videira e vós sois os ramos" e, em diversas parábolas  como a do Filho Pródigo Lc 15, 11-32 e a do Semeador Mt 13, 1-23.
     Porém, pelo menos uma vez falou abertamente sobre a solidão que abarca  a psique de Deus  desde tempos remotos.
     "Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só." Jo 12,24
     Os discípulos queriam interromper os planos de Jesus, impedindo-o de ser crucificado. Parecia loucura e insanidade  prever a própria morte e não a evitar. Mas ele preferia morrer e sacrificar-se para resolver a solidão de Deus. A sua morte seria uma ponte entre a humanidade  e o Autor da Existência. Foi a primeira vez que a dor e o caos da existência foram usados para que a vida ressurgisse. Imagina a dimensão da palavra "SÓ". O grão de trigo precisava de romper a casca do isolamento  para se multiplicar.
     Por que motivo existe bilhões de galáxias com trilhões de planetas e estrelas? Bastava uma galáxia com milhões de astros. Por que existem milhões de espécies na natureza? Bastavam milhares. Por que razão Deus é tão abundante no processo criativo?
     Talvez porque criar não seja uma opção intelectual de Deus. Criar faz parte de sua natureza , é o seu destino inevitável.
     A solidão exuberante  e a serena e inextinguível ansiedade vital, fazem a criatividade fluir espontaneamente da sua mente complexa.
     Deus não é amordaçado pelo cárcere da rotina. De eternidade em eternidade viveu uma explosão criativa, no bom sentido da palavra. Tudo Nele parece renovar-se rejuvenescer, reflorescer.
     Viver em sociedade não é uma questão de sobrevivência física, mas psíquica. As relações sociais ocorrem de forma borbulhante; em que o amor é uma poesia, em que descobrir o outro é uma aventura; em que sonhar juntos é uma forma de prazer, em que trocar experiências é um convite à maturidade.
     O amor  entrega-se, não procura os próprios interesses, inclui, sonha em conjunto. Não é tecido de ciúme. Despe-se da soberba e veste-se da humildade. O amor revigora o indivíduo que está cansado, anima o indivíduo que se sente abatido e encoraja a pessoa ferida.
     O amor não controla, não domina, não bloqueia a inteligência. Promove a liberdade, realça a auto-estima. e reacende a esperança.
     Deus tem uma necessidade psíquica de ser amado. Para Ele não basta construir relações, é preciso ter o amor como ingrediente fundamental.
     Nos DEZ MANDAMENTOS entregues a Moisés no Monte Sinai, a necessidade de ser amado foi declarado de maneira mais eloquente possível. O DEUS ONIPOTENTE não teve vergonha de assumir a sua fragilidade emocional.
     Ao declarar no Primeiro Mandamento: "Amar a Deus sobre todas as coisas", Ele grita sem medo: _"Preciso de ser profundamente amado. Não tenho vergonha de reconhecer que preciso de ser amado com um amor ardente. A humanidade pode achar que não preciso de nada mas tenho sede de amor."
     A ideia central dos Dez Mandamentos está inserida na oração do Pai-Nosso . Esses dois textos não falam de servidão, mas sim de afeto; não falam de religião, mas de entrelaçamento, de emoção; não falam de temores mas de amores.
     Deus deve amar o ser humano acima de todas as coisas, inclusive da nossa estupidez.

                   

Nenhum comentário:

Postar um comentário