"Na solidão procuro-me, encontro-me e refaço-me.
Jesus fez subliminarmente referências à solidão de Deus diversas vezes, como quando disse: " Na casa de meu Pai há inúmeras moradas"; "Eu sou a videira e vós sois os ramos" e, em diversas parábolas como a do Filho Pródigo Lc 15, 11-32 e a do Semeador Mt 13, 1-23.
Porém, pelo menos uma vez falou abertamente sobre a solidão que abarca a psique de Deus desde tempos remotos.
"Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só." Jo 12,24
Os discípulos queriam interromper os planos de Jesus, impedindo-o de ser crucificado. Parecia loucura e insanidade prever a própria morte e não a evitar. Mas ele preferia morrer e sacrificar-se para resolver a solidão de Deus. A sua morte seria uma ponte entre a humanidade e o Autor da Existência. Foi a primeira vez que a dor e o caos da existência foram usados para que a vida ressurgisse. Imagina a dimensão da palavra "SÓ". O grão de trigo precisava de romper a casca do isolamento para se multiplicar.
Por que motivo existe bilhões de galáxias com trilhões de planetas e estrelas? Bastava uma galáxia com milhões de astros. Por que existem milhões de espécies na natureza? Bastavam milhares. Por que razão Deus é tão abundante no processo criativo?
Talvez porque criar não seja uma opção intelectual de Deus. Criar faz parte de sua natureza , é o seu destino inevitável.
A solidão exuberante e a serena e inextinguível ansiedade vital, fazem a criatividade fluir espontaneamente da sua mente complexa.
Deus não é amordaçado pelo cárcere da rotina. De eternidade em eternidade viveu uma explosão criativa, no bom sentido da palavra. Tudo Nele parece renovar-se rejuvenescer, reflorescer.
Viver em sociedade não é uma questão de sobrevivência física, mas psíquica. As relações sociais ocorrem de forma borbulhante; em que o amor é uma poesia, em que descobrir o outro é uma aventura; em que sonhar juntos é uma forma de prazer, em que trocar experiências é um convite à maturidade.
O amor entrega-se, não procura os próprios interesses, inclui, sonha em conjunto. Não é tecido de ciúme. Despe-se da soberba e veste-se da humildade. O amor revigora o indivíduo que está cansado, anima o indivíduo que se sente abatido e encoraja a pessoa ferida.
O amor não controla, não domina, não bloqueia a inteligência. Promove a liberdade, realça a auto-estima. e reacende a esperança.
Deus tem uma necessidade psíquica de ser amado. Para Ele não basta construir relações, é preciso ter o amor como ingrediente fundamental.
Nos DEZ MANDAMENTOS entregues a Moisés no Monte Sinai, a necessidade de ser amado foi declarado de maneira mais eloquente possível. O DEUS ONIPOTENTE não teve vergonha de assumir a sua fragilidade emocional.
Ao declarar no Primeiro Mandamento: "Amar a Deus sobre todas as coisas", Ele grita sem medo: _"Preciso de ser profundamente amado. Não tenho vergonha de reconhecer que preciso de ser amado com um amor ardente. A humanidade pode achar que não preciso de nada mas tenho sede de amor."
A ideia central dos Dez Mandamentos está inserida na oração do Pai-Nosso . Esses dois textos não falam de servidão, mas sim de afeto; não falam de religião, mas de entrelaçamento, de emoção; não falam de temores mas de amores.
Deus deve amar o ser humano acima de todas as coisas, inclusive da nossa estupidez.
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