quarta-feira, 6 de março de 2013

TRIBUTO A UM GUARATUBANO


   Pessoas que se tornam folclóricas, são personagens constantes em todos os lugares. Elas deixam marcas pelas características peculiares de displicência, insensatez, excentricidade e, muitas vezes escabrosidades.
   Uma destas figuras que marcou popularidade pela sua irrevência, foi o inesquecível Lionço Jaques. Este, muito trabalhou em lanchas que transportavam cacheta dos confins da baía para o pequeno trapiche de Guaratuba, enquanto era sadio, novo e forte.
   Dotado de desiquilíbrio mental, além de gostar de uma "caninha", sempre estava as voltas, aprontando alguma. São ou bêbado, era atiçado por todos como "Lancha Velha", apelido do qual ele tinha ogiriza. Sua reação era imediata. Saía xingando em altos brados, jamais se preocupando com os impropérios proclamado aos berros; comportamento que despertava mais ainda a intenção da provocação tanto por parte de adultos como de crianças que se encontravam por perto.
   Suas galhofas eram tão comprometedoras que mesmo as pessoas  que estavam simplesmente passando pelo local da ocorrência, levavam as sobras, sujeitando-se a ouvir os mais terríveis palavrões.   
   O Lionço despertava o carinho nas pessoas quando ria e fazia brincadeiras inocentes ou quando cantava, sonorizando  a propria canção com a mão fechada ritimando  ao peito. A música tão repetida comunicava a proximidade da Festa do Divino, exaltando-a como um evento muito grande.
    Despertando escárnio quando bêbado, pedindo comida nas portas e exigindo o que queria comer. Se não fosse atendido: sai de baixo. Jogava tudo e saia fazendo o maior escândalo.
    Provocando risos e chamando a atenção quando, de posse de um molho de chave pendurado no bolso, andava nas ruas dirigindo seu carro invisível, um "Ford" como ele dizia e parando os transeuntes com a sua sinalização de guarda de trânsito.
   Provocando a indiferença quando na sarjeta, pés enrolados em panos sujos o que veio a lhe criar grandes trantornos. Imagine que um cabeça ruim, ou vários, sei lá, se deram ao prazer mórbido  de jogar alcool em seus pés e colocar fogo. Se as coisas já não eram fáceis, imagine a partir daí.
   Nos últimos anos, já velho e doente pela vida ao relento, andava triste; não aprontava tanto escarcéu com as pessoas  que propositadamente o provocavam só para assistir os escândalos do pobre Lionço de linguajar forte e baixo, mas que também não era de ferro e não levava desaforo para casa..

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