Imagine uma grande festa. Um cenário todo decorado com os mínimos detalhes sendo priorizado. Tudo é milimétricamente planejado, organizado, idealizado para fazer feliz alguém que você ama e que será o centro desta festa.
Pode ser uma festa de 15 anos, debutantes, casamento, Bodas. Enfim, uma motivação que serve como mola propulsora voltada para o deslumbre, para algo cujo objetivo é marcar por toda uma vida. Ficar na lembrança como algo maravilhoso.
Um teto todo iluminado.Paredes decoradas com o tema escolhido. Personagens da decoração em uníssono com os trajes; candelabros, pratarias, cristais. Cardápio idealizado com antecedência; orquestra para que todos se divirtam ao som de afinadas canções do mais puro requinte.
Bebidas de todos os tipos onde o que se preza e a euforia e a animação. De certa altura em diante, a bebida torna uns alegres demais; outros quietos demais. Alguns exaltados, outros afoitos e desinibidos. Aqueles que passam para o assédio desenfreado, outros para a agressão; enfim a confusão se instala e o que era para ser pura alegria termina em frustação.
A Criação é uma festa para a vida.
A luz se instalando se sobrepondo as trevas. As estrelas tornando o teto da grandiosa festa algo magnífico. Luzeiros para marcar os dias e as noites. Por aí concluimos que esta festa não tem data para terminar.
Águas cristalinas brotando de fontes com abundância de vida em uma dança sincronizada onde seres imensos dividem espaço com seres menores.
Água doce nos rios, lagos e lagoas também fervilhando de vida.
Abundância de vegetais com os mais variados tamanhos desde os rasteiros como as gramíneas, até árvores imensas. Cada uma com vida animal fazendo festa com ruídos específicos de cada espécie.
E as flores? As cores ressaltando em várias tonalidades onde pétalas macias, com formas variadas competem com a pluralidade de folhas. Desde as mais lizas e claras, até as mais enrugadas, com ferpas e acolchoadas com tons escuros e amarronzados.
No céu, pássaros de toda espécie. Seres alados que planando, se encarregam de dar o detalhe à grandiosa decoração do espaço. Nada amarrado. Nada pendurado. Nada engaiolado. Tudo livre, solto em comemoração a vida que se instala e é festejada.
Na relva, pequenas criaturas, algumas rápidas, outras ágeis alçando voos; outras mais lentas. Também aquelas que se arrastam sobre o próprio corpo; outras saltitando numa dança não ensaiada mas perfeita na sua coreografia.
E finalmente o grande homenageado. Aquele que foi criado a imagem e semelhança de seu Criador. Aquele que pensa, que sorri, que ama, que afaga. Que pondera, que divide, que compartilha. Que se comunica e que recebeu todo o domínio para tudo que o cerca. E a festa da vida está plena.
A música harmoniosa da criação está perfeita. O vento rossando a relva no seu entoar melodioso. Os pássaros com seus cantos distintos; os animais com seu vozerio inquieto e traquino; as águas com as leves marolas e as ondas pesadas no seu ribombar se espalhando na areia num epocar de espumas.
Os insetos num alvoroço de sons que irradiam as enúmeras atividades desempenhadas. Desde o chiar das cigarras até o zumbir das abelhas beijando as flores, retirando assim o seu néctar competindo com o beija-flor, na sua dança estática farfalhando frenéticamente suas asas para, em seguida alçar voo rápido em direção as outra flores num cenário multicolorido.
As árvores zoando ao vento, o respingar da chuva em suas folhas, tornando-as douradas pois o refletir da luz do sol se encarrega do efeito resplendoroso.
De repente parece que algo distoa no cenário. Um ruido e toda a melodia se torna desconexa. O que está acontecendo nesta festa organizada para ser perfeita? Barulho de machado, de moto- serra. Em seguida árvores que tombam abrindo verdadeiras feridas na mata. Tiros de armas de fogo que ferem, matam e mutilam. Barulho de explsivos que abrem crateras no solo em busca de pedras preciosas; metais preciosos. Chumbo jogado nos rios para separar o ouro do cascalho. Esgoto, sujeira, lixo, espumas poluentes; tudo descambando em direção aos rios tornando-os escuros, mortos e fedidos.
E o ar? Fumaça que saem dos escapamentos dos carros; fumaça que sem das chaminés das fábricas; fumaça da degradação das florestas. Enfim, é uma fumaceira só e coitado do ar: torna-se irrespirável.
Os pássaros que antes voavam soltos agora estão engaiolados, trancafiados e seu canto já não tem a melodia da liberdade. Muitos animais abatidos pela busca desenfreada de: não sei o que. Enfim, tudo foi pro beleléu, como se diz.
O festejado perdeu a noção de sua importância e do seu lugar de protagonista da festa. Confundiu quando lhe disseram que podia dominar sobre tudo. Dominar, mas não destruir tudo.
Resta-lhe reconhecer que se embriagou na grande festa. Não da fonte da vida que é o amor do Criador mas da fonte da morte que é o orgulho, a prepotência e a sede de poder. Um poder destrutivo, avassalador que corrompe, distorce, compromete sua própria existência.
Nova festa se aproxima. É a FESTA DA PÁSCOA. Festa da mudança, da transformação. Festa do amor e do perdão.
Eis aí a grande chance de pedir perdão ao Criador pois Ele que está com os braços abertos para nos abraçar. Pedir uma vida nova cheia de amor. FELIZ PÁSCOA