quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

UMA VIAGEM MARAVILHOSA

      Quando se é criança, pode-se perceber a grande expectativa que gira em torno do enunciado de uma viagem que muitas vezes está só em projeto pois sua realização depende de muitos fatores principalmente o financeiro que na época era bem curto.
      Essa viagem é na realidade para Guaratuba, uma visita aos avós paternos nas férias de julho em plena época da festa do Divino. Isso é muito bom!!! Quer dizer, mais ou menos pois "êta viagenzinha difícil e sofrida."
      Primeiro ponto da dificuldade: o tempo da demora. Deveria ser uma cinco ou seis horas pelo menos pois na minha cabeça demorava muito.
      Segundo ponto: o sofrimento pois eu enjoava muito e qualquer curva feita era motivo para "destripar o mico" ou "chamar o Hugo."
      Terceiro ponto: o pula pula do ônibus pois a estrada era de terra e a buraqueira era o que mais tinha.
      Quarto ponto: o entra e sai no ônibus pois de uma altura em diante se vinha pela praia e dependendo da maré o único jeito era esperar ela baixar para seguir adiante.
      Quinto ponto: a travessia. Que medo entrar naquela lancha que navegava com a água rente a janela. E quando o mar estava agitado! Balançava tanto que o jeito era rezar para se chegar sã e salvo.
      Finalmente a chegada. Opa. Agora sim. Tudo é festa. Primeira visão que enchia os olhos quando se descia da lancha: A Cruz toda iluminada por lampadas da Igreja Centenária.
      Do trapiche de desembarque - ruiu com a erosão de 68 - até a casa de meus avós era um pulo pois era só atravessar a Avenida Beira Mar ( frente a baia) entrar na travessa e... pronto! Chegamos.
      Para minha família essas lembranças são especiais pois na travessa enfocada -  hoje a rua do Iguana, ligando a baía à praça, situava-se a casa de meus avós. Uma casa em estilo português antigo com paredes grossas, janelas imensas de madeira. A entrada principal era frente à Praça onde uma porta grossa de madeira que era fechada por uma enorme e pesada trava dava ínicio a um enorme corredor ladeado por quartos escuros que mexiam com a nossa imaginação de criança onde seres desconhecidos ali habitavam. Esse corredor desembocava em uma enorme sala que era usada como depósito de sacarias, produtos a granel vendidos no armazém de meu avó.
      Uma cozinha onde uma grande mesa era o móvel principal, na cabeceira o lugar certo do patriarca da família que era um homem alto, claro, olhos azuis, bonachão e risonho. Lembro que ele gostava de contar piadas quando estávamos na mesa e uma das mais repetidas era da professora que fazia ditado a seus alunos e sempre saía a história do perú. Sabe qual é , né! Se não sabe, azar o teu.
      O fogão a lenha sempre aceso pois a vida doméstica começava cedo e se estendia pelo dia todo.
      A geladeira era a querozene. Chuveiro quente, água corrente nas torneiras, banheiro dentro de casa. Casa em frente à Praça, bem no centro da cidade; que mais? Há! e o Armazém! Bala, bolacha, biscoito de polvilho...quanta guloseima. "Nossa, Nossa. Assim você me mata!"
      E a Festa do Divino? Lembro dela só no domingo. Umas quatro ou cinco barracas que funcionavam no pátio em volta da Igreja e que faziam a festa da criançada. A Barraca do ratinho. A barraca da roleta. A Barraca da pescaria. A mais famosa ao meu ver era a do ratinho. Um porquinho da índia que ficava em uma caixa amarrada em uma vara no cento de um círculo formado por casinhas numeradas. Quando o ratinho era descoberto, ele procurava abrigo em uma das casinhas e o grande prêmio que podia ser um bibelô, uma caneca, um sabonete e outras coisas mais cabia ao sortudo ganhador dono do número da casinha.
      Lembro-me que meu irmão mais velho, um dia foi o grande sorteado. Hum, que felicidade. Que alegria. Ganhou um prêmio. Meu Pai, que emocionante. Era... adivinhe o que? UMA CANECA.
Pegou a dita pela alça e saiu correndo para mostrar em casa. Pois era só atravessar a praça e pronto eis aí o grande prêmio. Mais como na vida nada pode ser previsto, eis que aconteceu o infortúnio. Meu irmão, na euforia tropeçou e caiu. A caneca foi a grande prejudicada pois ele chegou em casa apenas com a alça em volta do dedo. Que frustração. Até hoje, cinquenta anos depois, rimos com essas lembranças. Memórias. Como é bom relembrar.
     
                

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RECORDAÇÃO DE INFÂNCIA - "MEA CULPA"

      "CADA COUSA EM SEU LUGAR POUPA TEMPO E MUITO FALAR." Um pano de parede, acabamento em debrum com tecido xadrez branco e azul. O seu tema bordado em ponto cruz, em fio também azul, fundo meio creme, onde xícaras estão dispostas cuidadosamente sobre os pires, bule de porcelana e açucareiro, ou seja, um aparelho para chá, passando uma idéia de zelo, ordem, capricho e muita organização. E a frase estava lá. Servindo de reforçO para toda aquela idéia.
      A visão desta mensagem foi uma constante em minha infância pois este pano ficou estampado como decoração na cozinha de nossa casa durante muito tempo, enquanto durou é claro.
      Foi algo que minha mente de criança fotografou e para mim ele era extraordinariamente bonito. Achava aquela frase especial. Só não entendia por que "cousa" ao invés de "coisa". Sei lá, fino requinte, deve ser.
      Mas por que este palavrório a respeito de uma recordação de infância?
      Culpa leitores. Pura culpa.
      Ao contrário da imagem guardada e do ensinamento passado, não sou uma pessoa muito organizada, confesso.
      Mas mesmo assim eu pergunto: temos que ser seres robotizados onde tudo é feito coordenadamente, sem deslize, com perfeição total?
      O retrato de cada um está no toque especial que nos diferencia um do outro. Que nos leva a analisar as situações e trazer à tona "mea culpas" que nos fazem mergulhar dentro de nós mesmos em busca do grande tesouro no íntimo de nosso ser que é a nossa consciência.    

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

FAXINAL DO CÉU - TEXTO PUBLICADO EM 2/2/2001

      Li na Folha que os novos diretores das escolas estaduais tomarão posse do cargo em Faxinal do Céu, agora no final de janeiro. Reelembrei que estando para me aposentar - abril de 96 - fui convocada para participar do Seminário de Educação Avançada, um encontro onde o lema nas entrelinhas era: "Faça milagres na sua escola".
      Considerei-me premiada. Foi um período delicioso onde, alojada com colegas maravilhosas, companheiras inseparáveis vivenciamos a programação da semana. Os horários das refeições eram uma festa.
      Assistimos a Ópera de Cordas, Concerto de música clássica, Monólogo feito pela atriz global Natália Thimberg, palestras, fóruns, entrevistas, os mais variados filmes, um que eu trago na memória é "A Festa de Babette"; também citações de livros à serem adquiridos, afinal todo o material engajado na filosofia educacional do governo.
      Fizemos caminhadas em bosques lindos onde as folhas amareladas e avermelhadas formavam um imenso tapete.
      Acostumada no litoral, onde a visão predominante é água, me encantei com as imensas plantações. Paisagens esverdeadas onde as máquinas delimitam e estabelecem ordem, tornando homogênea as enormes áreas plantadas onde os vegetais com seus caules balançando ao vento dão uma grande sensação de poder econômico à espera da época da colheita.
      Outro fator que estranhei foi o frio. Em pleno mês de abril, ainda estamos com os cobertores e as roupas quentes guardadas. Lá, já estávamos usando agasalhos pesados, pois o frio não dava trégua.
      Realmente foi um prêmio essa experiência vivenciada em Faxinal do Céu. Que saudade...   
                  

MINHA INFÂNCIA

      Quando fui participar do Encontro de Educação Avançada em abril de 96, estava as vésperas de ser vovó.
      Por coincidência, no alojamento em que eu fiquei, uma colega de Pérola do Oeste estava na mesma situação. Foi uma curtição. Fizemos listas de nomes, conversamos, divagamos pois a condição de vovó para nós era uma novidade.
      Faxinal do Céu atuou literalmente como uma faxina em minha mente. Idéias novas, experiências trocadas com colegas de todo o Estado. As mais variadas situações do dia a dia de uma escola foram analisadas, discutidas e buscadas as melhores soluções para um melhor aproveitamento e conveniência.
      Em um dos trabalhos foi-nos apresentada e comentada a poesia "Minha Infância" de Carlos Drummond de Andrade e a sugestão que fizéssemos algo em consonância. Da tentativa resultou:

                                Meu pai de bicicleta ia para a lida
                                Onde trabalhava como carpinteiro
                                Pedalava pela estrada poeirenta sem fundo
                                Passava pelo Oleoduto que temíamos
                                Porque sempre escutavamos que se explodisse
                                Seria o fim do mundo.

                                Munha mãe catava café nos armazéns
                                A remuneração era por quilo catado
                                Portanto, para que mais café rendesse
                                Eu ia junto para catá-lo também.

                                Eu e meus irmãos íamos
                                Para a escola na cidade
                                Pela linha de trem se equilibrando de esguelha
                                Outras crianças da Vila iam juntas
                                E catávamos amoras vermelhas           
                                Ao longo do caminho.

                                Eu sempre soube que essa infância
                                Foi a mais bonita do mundo.
                               

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

AINDA SOBRE CINZAS - LEMBRANÇAS DE CRIANÇA

      Na década de 50,  em uma vila onde morávamos foi que  aconteceram as peripécias que vou descrever.
      As condições de vida eram complicadas mas, comparando com muitas situações dos dias atuais, morávamos em um palácio. Nossa casa era de madeira, toda sarrafeada, pintada de amarelo, construída sobre sapatas em um terreno compacto e limpo. Tinha uma árvore com copa frondosa na frente, um terreno com quintal, horta, bomba d'agua - apesar que a água era saloba mas tudo bem, havia a torneira comunitária na esquina. A divisão de peças era também de madeira com portas, tudo direitinho afinal meu pai era marceneiro, carpinteiro e construir casa era sua especialidade.
      Mas voltando ao assunto: fogão a gás nem pensar. Nem se conhecia isso. Era fogão a lenha. Fogão a lenha mesmo construido com tijolos etecétera e tal, tal como os de hoje em dia. Só que agora, os ditos fogões servem, na maioria para decoração.
      No pátio de casa, havia uma tora de madeira meio cavocada onde se colocava a "acha" de lenha e com o machado a "acha" era dividida em vários pequenos pedaços para ser colocado no fogo. Imagine que o machado permanecia no quintal e mesmo nós, crianças de 7 ou 8 anos, eu e meus irmãos, cortávamos a lenha quando era preciso.
      Mas voltando outra vez à pauta que é "cinzas". Muitas vezes na falta da lenha que era comprada em metro cúbico, ou seja, dois paus enfiados na terra com 1 metro de altura, uma distancia de 1 metro entre eles. Ali se colocava tronco com 1 metro de comprimento, preenchendo todo o espaço. Pronto, aí está  a quantidade de lenha que era vendida para ser consumida nos fogões. Adivinhe como é que eu sei disso! Bem, em uma certa altura de nossa vida, meu pai dentre outras atividades que desempenhava para aumentar a renda da família, além de trabalhar como carpinteiro nos armazéns de café; vendia lenha em metro. Sentiu firmeza no velho? Ele era supimpa. Que Deus o tenha.
     Quando nos mudamos, nos anos sessenta, como diz minha mãe; meu pai continuou vendendo lenha no Armazém do meu avô só que desta vez era o feixe pronto com determinado número de "achas" cortadas que vinham já prontos dos sítios.
       Mas, voltando outra vez ao enusitado: Na falta de lenha, ou para aumentar o estoque, nós íamos com nossa avó materna "lenhar", ou seja, catar lenha, no caso, gravetos, galhos, troncos de árvores que eram derrubados para que os terrenos fossem limpos para construção. Afinal a vila estava se espandindo. Os donos cortavam as árvores, creio até que eram nativas; colocavam fogo e o que restava eram tocos encarvoados e - cheguei lá - cobertos de cinzas. Nós fazíamos feiches destas preciosidades e transportávamos na cabeça para casa. Imagine a cena: Parecíamos personagens, da música THRILLER de Michael Jackson: pretos de carvão e cheios de cinzas.  Mas não pense, querido leitor que aquilo nos entristecia. Muito pelo contrário, representava para nós uma alegria por mais uma aventura vivenciada. Ficávamos purificados bem no sentido teológico da benção e distribuição de cinzas da qual participei nesta quarta feira de cinzas.No meu caso, as cinzas da lembrança de criança era um regozijo, um motivo de grande alegria pois representava viver uma grande aventura com a avó, ainda por cima.
      Quem não tem belas lembranças vividas com a avó ou com o avô, que marcaram suas vidas que jogue a primeira pedra!     

QUARESMA - CINZAS

      Pesquisando, lí trechos onde vários personagens bíblicos se cobriram de cinzas para se redimir de seus pecados como foi o caso de DAVI ao cometer adultério com Betsabéia; ou para reagir a uma situação de infâmia como foi o caso de Tamar, quando seu próprio irmão Amnon - ambos filhos do rei Davi - que a tenta e força uma relação sexual dispensando-a e desprezando-a em seguida. Também Jó faz várias citações de se cobrir com cinzas em penitências às suas agrúrias e tormentos exprimindo assim sua dor e humilhação.
      Mardoqueu, no Livro de Ester, se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do rei Asuer I da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4.1)
      Daniel ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia (550 A.C.)escreveu: Voltei o meu olhar para o Senhor Deus procurando fazer preces e súplicas com jejum, vestido de pano de saco e coberto de cinza. (Dn 9.3).
      No século V A.C.  logo depois da pregação de Jonas que dizia: "Dentro de quarenta dias Nìnive vai ser destruída", o povo de Nínive se proclamou en jejum e todos se vestiram de saco inclusive o rei  que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas. Mandou também publicar e anunciar aos ninevitas um decreto do rei e de seus ministros, nestes termos: "Homens, animais, gados e ovelhas não poderão comer nada, nem pastar, nem beber água. Deverão vestir pano de saco, tanto homens como animais; e todos clamarão a Deus com toda a força. Cada um deverá converter-se de sua má conduta e deixar de lado toda espécie de ação violenta. Quem sabe, assim Deus volte atrás, fique com pena, apague o ardor de sua ira, e a gente consiga escapar".
      DEUS viu o que eles fizeram e como se converteram de sua má conduta, então desistiu do mal que os tinha ameaçado e não o executou. (3:7.9)
      Deve haver mais citações sobre cinza na Bíblia, mas o que eu conclui é que somos humanos. Erramos. Mas quem não erra? Afinal somos filhos de DEUS e DEUS na sua infinita bondade nos perdoa quando sinceramente nos arrependemos e nos voltamos à ELE clamando pela sua misericórdia. Amém.                      

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MAIS UMA DE CARNAVAL

      A alegria efusiva que contagia no Carnaval é algo maravilhoso que serve como liberação do estresse e a preparação da mente e do espírito para mais um ano de jornada de trabalho, estudo e labuta.
      Um grande tapete humano toma conta da avenida decorada tendo como motivo a descontração, a busca desenfreada da emoção onde as limitações não existem. A energia infinita explode incontida num extase arrojado, expandido num potencial intenso que perdurará durante os quatro dias carnavalescos.
      Homes transformados em mulheres, "Valérias" do Zorra Total, super-heróis, fantasmas, presidiários, feiticeiras, bruxas, bailarinas, coelhinhas da Play Boy, drag-queens, odaliscas, sultões, beduínos, palhaços, colombinas e outras fantasias mais; todas personalizando o evento com imagens escrachadas, numa explosão de cores, brilho, espuma, suor, confete e serpentina que inspira o mais alto grau de curtição em massa.
      Movidos por altíssimos decibéis que vibram no rítmo acelerado, no pula pula ou balançar frenético noite a dentro, onde a realidade não existe, o cansaço só irá se estampar na quarta feira de cinzas, misturado com a ressaca resultante de latas e latas de cerveja ingerida para animar o corpo e dar leveza à alma.              

domingo, 5 de fevereiro de 2012

CARNAVAL

      Gostamos de carnaval. Ele representa quatro dias de muita alegria, prazer, descontração e muito, mas muito mesmo: diversão.
      Nesta época, temos a oportunidade de escrachar tudo aquilo que nos incomoda, aquilo que achamos exótico ou mesmo aquilo que gostaríamos de ser ou ter, mas com essa crise tamanha, sabe quando?
      Escrachamos as barbaridades cometidas pelos ministros, senadores, juízes, deputados, cartolas, sistemas existentes e cidadãos comuns; até vereadores, pois se continiuarem gastando do jeito que estão,
só mesmo passando para o primeiro lugar na gastança.
      Barbaridades divulgadas pela mídia com uma naturalidade imensa, querendo passar a idéia de que tudo é normal, corriqueiro e que devemos engolir goela abaixo.
      Portanto não se espantem se defrontarem com algum "ministro" ou vereadores "viajantes" ou "gastonildos" em um bloco qualquer.
      Carnaval é uma farra. Farra total são também as imensas fortunas desviadas ou adquiridas sabe-se lá como. Farra total também são as prisões domiciliares cheias de mordomias das quais "alguns" com penas seríssimas gozam e, grande parte da população carcerária simplesmente fica jogada na "masmorra".
      Farra é o sistema educacional, sistema de saúde, político, secretaria de ordem social, sistema de distribuição de renda no país, siatema de moradia, saneamento básico, atendimento do SUS e aí vão outros "emas" que são levados a sério pela população e pelos contribuintes na esperança de melhoria, paz, tranquilidade, segurança, enfim "ordem e progresso". Mas na realidade o que acontece é a "desordem e o regresso" devido ao caos dos "emas" onde tomamos conhecimento do desvio de verbas, gastança em mordomias, péssima remuneração de policiais, professores, manutenção das escolas, merendas,vagas no ensino público, etecétera e tal.                   
      Enfim, carnaval é uma grande farra, portanto vamos cantar: -"Quanto riso, hó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão"... ou então: "- Mamãe eu quero...mamãe eu quero... mamãe eu quero mamar"...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

VOLTA ÀS AULAS

      Para quem tem uma vida cheia de possibilidades, nada melhor do que o início do ano letivo onde as perspectivas fundamentadas no estudo embasarão toda uma visão de futuro tanto pessoal como profissional. Os caminhos muitas vezes não são aqueles que traçamos, os anseios que fincamos como alicerces. Agora, de uma coisa tenhamos a certeza: o que semearmos, colheremos.
      Se estudamos, nos empenhamos, nos aperfeiçoamos, vamos em busca de clarear nossas dúvidas, vivemos as etapas de nossa vida como quem degusta o seu cardápio favorito, não com pressa mas com regalo aí teremos a força transformadora que nos amadurecerá e nos preparará de forma iluminada para o que o mundo tem a nos oferecer.
      Claro que a formação de cada jovem aluno não deverá ser olhado como algo abstrato  que acontecerá lá adiante, no futuro quando ele já tiver atingido todos os degraus acadêmicos da graduação a que se propôs. Todos os dias, nas pequenas tarefas, nos empenhos dispendidos, nas etapas vivenciadas, nas pesquisas feitas, nas obrigações cotidianas realizadas; tudo isso compõe patamares que galgados nos levarão ao encantamento de que o que queremos está ao nosso alcance.
      Enfrentaremos os obstáculos que por ventura aparecerem de peito aberto e com tranquilidade pois criamos uma base sólida para o grande edifício que é a nossa realização.
      Volta às aulas. Para uns significa apenas a demonstração de novas proezas, a exibição aos colegas e a tentativa de desestruturação dos professores. Para alguns: o ensejo de rever os amigos e fazer novas amizades. Para outros, graças a Deus, representa a oportunidade de ir adiante, de fechar novo ciclo. De novos conhecimentos, novas descobertas.
      O grande paradigma está hoje em como atrair a atenção e despertar o interesse desta classe estudantil estabelecendo motivações para os desafios apresentados.
      Creio que  a grande sacada está na emoção, no prazer. Se não houver emoção, gosto pelo que se está estudando, a atividade se mecaniza e não haverá a possibilidade de se reter o conhecimento. Se fazer receptivo à aurora dos novos tempos.
      As redes sociais estão aí como mola propulsora da comunicação e cabe aos professores estabelecerem um relacionamento amistoso com seus alunos na tentativa de que as fronteiras do saber e das realizações sejam atingidas numa ação de reciprocidade.
      E imagine, tudo isso começa a partir do primeiro dia de aula!
                                                                    Sejam todos benvindos à mais um ano letivo.

    

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

UM POUQUINHO DE HISTÓRIA II -

      Continuando o nosso "passeio" pela história onde tivemos uma visão da França no final da Idade Média caracterizado pelo declínio do Sistema Feudal que estava agonizando e o "seu sangue se esvaindo"
quando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade eclodem nos anseios do povo. Após vários levantes, os partidos que surgem da burguesia deitam e rolam na disputa do poder instaurando períodos de verdadeiro terror. Mas o povo  que era o principal interessado continuava pagando altos tributos, passando fome e vivendo na "pindaíba" de sempre.
      Com um golpe de governo, é implantado uma ditadura militar onde a figura que vai se destacar é a de Napoleão Bonaparte. Com uma carreira militar rápida, de simples tenente, aos 24 anos o homem que tinha muito ambição, fome de poder, de domínios territoriais, inimigos políticos em potencial e EGO extremamente acirrado, se autoproclama Imperador da França onde governa até 1814, beneficiando a todos os seus com cargos e regalias a perder de vista.
      O homem mais poderoso do mundo na época tinha como grande opositor a Grã Bretanha, motivo pelo qual decreta o Bloqueio Continental vedando aos países neutros o acesso aos portos franceses e proibindo o comércio de todos os produtos britânicos no continente. Sobrou para Portugal e consequentemente para o Brasil.
       Portugal era um país neutro em relação a França mas com muitos laços de compromisso com a Inglaterra. Por isso, não obedece as determinações de Napoleão e aí o "bicho pega". A ameaça de ser invadida é eminente. Decisão de Dom João Principe Regente de Portugal na época: fugir para o Brasil.

                                   BRASIL - DE SIMPLES COLONIA À REINO UNIDO

      Fomos colonia de 1500  a 1808. Foram mais de trezentos anos onde nossas riquezas foram sugadas e transferidas. Tivemos nosso índio dizimado ou transformado em mão-de-obra.
      Houve a introdução do elemento negro como "mercadoria", representando uma grande riqueza populosa; tudo isso com o consenso de uma igreja "bem intencionada".
      Com a vinda de D.João para o Brasil, fugindo da Europa onde Napoleão era o "trator" invasor no intento de expandir as fronteiras da França e Portugal, não poderia estar fora do processo; tivemos então o Brasil como cenário da sede administrativa do reino.
      Como isso aconteceu?
      Devido  a invasão de Portugal pelos exércitos franceses de Napoleão, a solução que D. João encontrou  para evitar a humilhação de ser subjugado foi fugir para o Brasil com sua família e os principais funcionários do reino. Cerca de 15.000 pessoas  amontoaram-se em 14 navios trazendo suas riquezas.
      E no Brasil como ficaram as coisas?
      Nada mudou. A população pobre: indios, negros e mestiços que compunham cerca de três milhões da população continuaram pobres e sem acesso as benfeitorias que viriam a seguir.
      Para abrigar toda a comitiva portuguesa houve muita ostentação e violência no Rio de Janeiro, onde os moradores foram despejados das melhores casas em nome do Príncipe Regente (PR) cuja insígnia era afixada nas portas das residências sob o escárnio de "ponha-se na rua".
      O Rio de Janeiro foi transformado em uma cidade nos moldes europeus pois vários cursos foram criados. Foi fundado o Museu Nacional, o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real. Foi criada a primeira gráfica, fundado o Banco do Brasil e instalado a Casa da Suplicação (hoje Supremo Tribunal Federal).
      Em 1815, o Brasil passou a ser Reino Unido em igualdade de condições com Portugal, o que vai apressar o processo de sua indepedência.