Eu sou uma garça triste
Que olho a baía parada
Estática, como sem ação
Mas, olhando com atenção
Vejo tudo o que em volta existe.
Vejo o revoar das gaivotas
Brancas, travessas, brejeiras
Na sua busca constante
De sua presa ligeira.
Aquelas cinzas que migram
Do Mato Grosso distante
Vêm para essas águas no outono
Em busca de abrigo e alimento
Sem dono.
Tudo observo e noto
Na minha postura pernalta
Ao voar esticada e comprida
Ou pousada, quieta e tranquila,
Com o pescoço em alça.
Minhas companheiras pequenas
Estão sempre a perscrutar
Sobre o muro de arrimo atentas
Quando vêem um barco que entra
Disputam as sobras de iscas
Que os pescadores estão a jogar.
Neste ambiente de tanta fartura
A continuidade da existência é o dote
Que se garante a presença através da postura
E a vinda de seus filhotes.
Nesta luta de sobrevivência
E também na preservação da espécie
É fundamental que não haja
O predador intruso
Que dos seus instrumentos faz uso
Destruindo tudo, pondo em desuso
O que nos deu a Divina Providência.
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