Em pleno verão, era uma tarde de domingo. Minha neta começou a me cobrar uma ida à praia pois queria brincar de castelos de areia para colocar em suas "portinhas" os bichinhos de brinquedo que seriam os "guardiões" do "castelo". Colocamos toda a "traia" no carro e rumamos para o lazer.
Gente simplesmente passeando, outras sentadas apreciando o movimento das marolas e dos passantes, outras jogando frescobool, a criançada brincando, comendo, se banhando e nós, passamos a integrar esse cenário. Sentamos e logo começamos a fazer os amontoados de areia.
Letícia eufórica. Brincava, conversava, corria até a água, moldava o "castelo" e cavocava as suas portinhas para que os personagens tomassem seus postos. Estava elétrica de tanta energia.
Mas como estava um presságio de tempo atravessado, não deu outra. O céu para oeste, em direção à serra começou a escurecer e para leste passou a ficar iluminado por relâmpagos que cortavam e riscavam o azul roial que se instalou além da linha do horizonte, fazendo fundo à aquela imensidão de água crespa.
Essa transformação se dava lentamente e ninguém ousava arredar o pé, pois o espetáculo era mavilhoso. Era como se o Morro do Cristo, que adquiriu uma tonalidade verde amarelada, se projetasse para adiante do seu local original e estivesse bem perto de nós, que estávamos na praia central.
Só deixamos tudo isso para trás quando pingos grossos de chuva começaram a cair esparsamente para dar tempo a todos que, com sua xeretice, queriam se intrometer neste espetáculo.
Desmontamos os castelos, recolhemos os brinquedos mas os "guardiões" permaneceram invisíveis, zelando por essa natureza bendita.
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