Me criei andando mais de 5 Km . para ir à missa.
Era rezada em latim e nós decorávamos todas as rezas pois éramos crianças e crianças têm facilidade para isso, mesmo não sabendo o significado.
Fomos educados a não olhar para trás na igreja pois se Jesus Cristo estava no altar e nós estávamos ali para reverencia-Lo, não havia então motivo de se ficar “saçaricando” e conversando na igreja.
Quando nos mudamos para Guaratuba, início dos anos 60, fomos morar em frente da praça, sendo só atravessá-la para se chegar a Igreja. Mas como já estávamos crescidos e a preguiça tomou conta, era uma briga todo o domingo para ir-mos à missa cujo horário das 9:30 era das crianças.
Apesar dos “transtornos”, quase não faltávamos. Rezávamos, cantávamos, e já bem mais sem vergonhas, olhávamos para trás e tagarelávamos o tempo inteiro para infortúnio da catequista que queria estabelecer a ordem e a disciplina no ritual que ainda era rezado em latim em um ambiente muito severo e rígido.
Hoje as missas são maravilhosas. Demonstram que existem várias maneiras de se reverenciar a Deus e a Seu Filho. Cantando, rindo, batendo palma, batendo o pé, dando voltinhas, se abraçando, cumprimentando, enfim, numa interação com o próximo onde o amor se manifesta e a paz é exaltada. Uma paz onde Cristo disse:” Eu vos dou a paz, Eu vos deixo a minha paz.”
Não atinamos o verdadeiro sentido desta paz assim como não é fácil ser solidário. “Não se trata apenas de distribuir favores aos que necessitam. Ser solidário é algo mais profundo, envolve emoções, intenções, e disposição. Imperfeitos que somos, temos os olhos voltados, na maioria da vezes para nós mesmos, o que resulta em atitudes egoístas e intolerantes”.
“Se a solidariedade fosse praticada? Haveria uma dose extra de felicidade. A humanidade agiria em uníssono, cada pessoa buscando compreender, participar ajudar o próximo. Seriam retirados dos ônibus os adesivos de “reservado para idosos”, pois deixariam de ser necessários. Na fila do banco não teria o caixa preferencial para gestantes ou mães com crianças no colo. No fim dos jogos de futebol, as torcidas se reuniriam e quem ganhasse pagaria a festa com discursos reconhecendo e elogiando a bravura do adversário. Muitos confundiriam solidariedade com educação, outros com respeito, ou com outros valores. Mas todos seriam mais felizes.”
“Somos seres relacionais: nascemos de uma relação profunda com alguém que olhou para nós, nos acolheu e nos permitiu viver. A solidariedade exige a coragem de olhar para o outro, acolhê-lo e permitir-lhe a vida.”
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