Olho o presépio e me sinto fascinada pelo Menino Jesus. A candura, graça, alegria e a preponderância de sua presença na cena descrita por Lucas em seu Evangelho me encantam.
Observo o Menino Jesus em sua cestinha de palha, braços abertos e começo a pensar nos “nossos” meninos.
Observo o Menino Jesus em sua cestinha de palha, braços abertos e começo a pensar nos “nossos” meninos.
Meninos pequenos, tanto os bebês como os maiores que andam. Sapecas, levados, travessos, nos ganham apenas com um sorriso.
Meninos crianças com dentes de leite que jogam bola, soltam pipas, vão para a escola e tudo para eles é apenas uma brincadeira.
Meninos adolescentes, alguns já adultos mas temerosos ;não ousam vôos mais distantes.
Meninos valentes que estudam, trabalham, labutam. Muitas vezes são arrimo de família.
Meninos ausentes de casa devido as circunstâncias mas que se tornam presentes na certeza de tê-los por perto no primeiro final de semana ou feriado que está por vir.
Meninos famintos onde a miséria os torna tristes, olhos esbugalhados, pés no chão, desesperançados.
Meninos pedintes que esmolam, dormem nas ruas , sem teto, sem família sem nada que os acuda.
Meninos carentes que na falta de um ombro, se esgueiram e caem nas mãos de pessoas que os assediam e os levam para a perdição.
Meninos doentes que procuram na “cola”, na droga o que nunca tiveram. Anseiam por um pouco de respeito, carinho, amor e dignidade.
Meninos que se foram por acidente, terrorismo, violência, AIDS ou chacina. Suas lembranças serão constantes e mesmo que anos e anos se passem ainda anuviamos os olhos e embargamos a voz todas as vezes que são evocados. Mesmo na certeza de que não voltarão mais eles serão eternamente os “nossos” meninos.
Meninos papais devido a precocidade com que passam a se relacionar sexualmente sem os devidos cuidados.
Meninos lesados que por deficiência física, mental ou outras enfermidades, são impedidos de terem acesso a sua condição mais natural que é a de serem simplesmente meninos
Meninos “animais” que pôr motivos políticos, religiosos ou escabrosos passam a empunhar armas e no desatino agem por puro instinto onde o que impera é matar ou morrer.
Meninos insanos que lotam as instituições, de correção onde o sistema caótico reafirma com mais convicção a sua insensatez .
Meninos flagelados, abandonados, escravizados, violentados, molestados ou meninos que sonham, que “ficam”, que ainda pedem a benção dos pais; que tem suas “tribos”, seus “points”, amigos; onde o sorriso é constante; são lisonjeiros , dignos, humildes e não se deixam abater.
Contemplo o Menino Jesus em sua manjedoura , envolto em panos, com os braços abertos como a pedir ou a dar proteção a todos os homens de boa vontade e rogo que abençoe e proteja também os “nossos” meninos .
Nenhum comentário:
Postar um comentário