domingo, 1 de janeiro de 2012

OS NOSSOS MENINOS

 Olho  o presépio  e me sinto fascinada  pelo Menino Jesus. A candura, graça, alegria  e a    preponderância  de sua presença na cena descrita por Lucas em seu Evangelho me encantam.                                          
Observo o Menino Jesus em sua cestinha de palha, braços abertos e começo a pensar nos “nossos” meninos.           
Meninos pequenos, tanto os bebês como os maiores que andam. Sapecas, levados, travessos, nos ganham apenas com um sorriso.
Meninos crianças com dentes de leite  que jogam bola, soltam pipas, vão para a escola  e tudo para eles é apenas uma brincadeira.
Meninos adolescentes, alguns já adultos  mas temerosos ;não ousam vôos mais distantes.
Meninos valentes  que estudam, trabalham, labutam. Muitas vezes  são arrimo de família.
Meninos ausentes de casa devido as circunstâncias mas que se tornam presentes na certeza de tê-los  por  perto no primeiro final de semana  ou feriado que está por vir.
Meninos famintos onde a miséria  os torna tristes, olhos esbugalhados, pés no chão, desesperançados.
Meninos pedintes  que esmolam, dormem nas ruas , sem teto, sem família  sem nada que os acuda.
Meninos carentes que na falta de um  ombro, se esgueiram e caem nas mãos de pessoas  que os assediam e os levam  para a perdição.
Meninos doentes  que procuram na “cola”, na droga  o que nunca tiveram. Anseiam por um pouco de respeito, carinho, amor e dignidade.
Meninos que se foram por acidente, terrorismo, violência, AIDS ou chacina. Suas lembranças serão constantes  e mesmo que anos e anos se passem  ainda anuviamos os olhos  e embargamos a voz  todas as vezes que são evocados.  Mesmo na certeza  de que  não voltarão mais eles serão eternamente os  “nossos” meninos.
Meninos papais  devido a precocidade  com que passam a se relacionar  sexualmente  sem os devidos cuidados.
Meninos lesados  que por deficiência  física, mental ou outras enfermidades, são impedidos de terem acesso  a sua condição mais natural  que é a de serem simplesmente meninos
Meninos  “animais” que  pôr motivos políticos, religiosos ou escabrosos  passam a empunhar  armas  e no desatino  agem por puro instinto  onde o que impera  é matar ou morrer.
 Meninos insanos  que lotam as instituições, de correção onde o sistema caótico  reafirma com mais convicção  a sua insensatez .
Meninos flagelados, abandonados, escravizados, violentados, molestados  ou meninos que sonham, que “ficam”, que ainda pedem a benção dos pais; que tem suas “tribos”, seus “points”, amigos;              onde o sorriso é  constante; são lisonjeiros , dignos, humildes e não se deixam abater.
Contemplo o Menino Jesus  em sua manjedoura , envolto em panos, com os braços abertos como a pedir ou a dar proteção a  todos os homens  de boa vontade e rogo que abençoe  e proteja também os “nossos” meninos .

Nenhum comentário:

Postar um comentário